Sentimento de paternidade é construído com o tempo, diz pesquisa
Para os autores, quanto mais os homens participarem da gravidez, mais emocionalmente envolvidos com o bebê eles vão estar. O ginecologista e obstetra Luiz Fernando Leite, do Hospital e Maternidade Santa Joana (SP) conta que a participação deles está cada vez mais comum: “Aqui no consultório, a gente sempre vê um casal grávido. O marido vem junto com a esposa e faz uma série de perguntas. Ele quer entender tudo o que está se passando com a mulher, ele quer ajudar. E deve."
Quanto mais cedo, melhor
A mulher grávida sente o corpo se transformar para receber a criança, troca
sangue com o bebê, sente seus movimentos. O pai não tem nada disso, portanto seu
amor é diferente e pode demorar um pouco mais para chegar. Daí a importância do
diálogo, do envolvimento em tudo que for relacionado ao bebê. Além de acompanhar a gestante nas consultas médicas, os homens podem participar ativamente das providências para a chegada do bebê. “Comprar o enxoval, montar o quarto, participar do curso de gestante e fazer carinho na barriga vai fazer o homem experienciar também a gravidez e se sentir mais participativo”, aconselha o obstetra.
Outra coisa importante – e que muitos pais sentem vergonha de fazer – é conversar com o nenê. Sim, ele ainda está na barriga, não entende uma palavra do você diz, mas consegue perceber o carinho. Para Mônica Lemos, que coordena um curso de estreitamento de vínculo entre pais e filhos no Hospital Universitário de Brasília, a conversa também vai ajudar o bebê a identificar a voz como sendo do pai quando ele nascer. “Uma coisa que a gente sempre fala para os homens é que a mãe está ali o tempo todo, o bebê sabe quem ela é. O pai não, ele precisa explicar para a criança que também faz parte da vida dela”.
E continua depois do
nascimento
Então o pai decide fazer tudo certinho na gestação: ajuda a escolher o nome
do seu filho, a cor do quarto, o tamanho do berço, aprende técnicas de trocar
fralda e de fazer mamadeira, contém a expectativa da chegada e participa do
parto. Tudo o que um bom pai deve fazer. Mas, nem por isso, a missão acabou. O
estreitamento de vínculo com o filho pode parecer natural, mas requer esforço e
manutenção, afinal, o bebê vai chorar a noite, vai precisar de cuidados e vai
cobrar dedicação dos pais também. A socióloga e especialista em construção da paternidade Ana Liési Thurler, da Universidade de Brasília, diz que nada é natural. “Vínculos afetivos não se criam magicamente, mas pela convivência. Os laços entre pais e filhos são criados à medida em que se cuida da criança, dá banho, troca fraldas, dá carinho, lhe conta histórias e canções, encoraja a dar os primeiros passos, e assim por diante.” A boa notícia é que o amor torna todos esses desafios mais fáceis. E, no fim das contas, não há nada mais gostoso do que passar o tempo com seu filho, não é mesmo?
Fonte: Crescer
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